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sábado, 6 de outubro de 2012

Animus + anima = totalidade= SELF



Eros e Psiquê


Conta a lenda que dormia


Uma princesa encantada


A quem só despertaria



Um Infante, que viria



De além do muro da estrada



Ele tinha que, tentado,



Vencer o mal e o bem


,
Antes que, já libertado,



Deixasse o caminho errado



Por o que à Princesa vem.






A Princesa Adormecida,



Se espera, dormindo espera.



Sonha em morte a sua vida,



E orna-lhe a fronte esquecida,



Verde, uma grinalda de hera.



Longe o Infante, esforçado,



Sem saber que intuito tem,



Rompe o caminho fadado.



Ele dela é ignorado.



Ela para ele é ninguém.



Mas cada um cumpre o Destino.



Ela dormindo encantada,



Ele buscando-a sem tino



Pelo processo divino



Que faz existir a estrada


.
E, se bem que seja obscuro



Tudo que pela estrada fora,



E falso, ele vem seguro,



E vencendo estrada e muro,



Chega onde em sono ela mora.



E, inda tonto do que houvera,



A cabeça, em maresia,



Ergue a mão, e encontra hera,



E vê que ele mesmo era



A Princesa que dormia.



(Fernando Pessoa, 1983, p. 115-116)

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